A Atualidade do Yoga

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Por Akal Muret Singh

Um dos traços essenciais, típicos da sociedade contemporânea é o esquecimento de si mesmo, o esquecimento do ser que se é. Ser que aparece como existência em todas as suas faces: profissional, familiar, social, religiosa, mas que antes de tudo é si mesmo. Esse esquecimento de si mesmo é sustentado por essas múltiplas ocupações e ao mesmo tempo o vazio que decorre do esquecimento busca ser preenchido com as múltiplas ocupações.


Sendo esse esquecimento um terreno fértil onde florescem muitos aspectos, considerados problemas característicos da nossa cultura. Uma condição problemática, por exemplo, é a ausência de um sentido de identidade bem estruturado psicologicamente dentro do universo das relações; e também a ausência de conexão com um nível de identidade incondicionado, que se autossustente. Isso deixa o ente humano em uma luta para afirmar a si mesmo no plano social, familiar e profissional, construindo relações onde há uma patológica dependência da opinião e da aprovação dos outros.


O modelo de identidade que se forma no contexto descrito é determinado pela mentalidade social dominante. A escolha de uma profissão, o estilo de vida, os valores, são todos determinados de fora para dentro. Mesmo a subjetividade é constituída de condicionamentos e padrões culturais. A tendência é se formar um humano completamente de segunda mão; que vendeu sua alma. Nunca atender ao que seu próprio ser lhe tenha dito, porque sempre esteve surdo para si mesmo. O resultado disso é desastroso. Uma comunidade de entes atormentados, em busca de pequenas alegrias, mendigando da existência mesmo que seus cofres estejam cheios.


Ausência de valores humanos fundamentais capazes de gerar respeito aos demais seres do planeta. Violência, corrupção, drogas. Estresse, depressão e outras disfunções de saúde, desequilíbrio social, desastres ecológicos. Todos problemas que sempre existiram em alguma escala e que nas condições doentias atuais se agravam, ganham proporções quase alarmantes. E a mentalidade geradora dessa situação, que existe há muito tempo, não é capaz de responder adequadamente a isso. Nunca foi e muito menos agora.


O que seria necessário para que surjam as condições onde uma resposta adequada seria possível? É preciso um salto quântico de consciência. Uma revolução de percepção. Um novo modo de ver o mundo. E isso implica uma outra dimensão do ser. É preciso perguntar então: de que modo o Yoga se insere nesse contexto histórico? O Yoga faz algum sentido hoje? O Yoga é capaz de abrir novos espaços de percepção e possibilidades de compreender a realidade de forma mais ampla? Ou é puro modismo que se transformou em mais um das dezenas de sistemas para alinhamento corporal e existencialmente continuaremos os mesmos de sempre?